TDAH: Para Além dos Estereótipos, os Três Tipos do Transtorno
- nayamotam
- há 6 dias
- 3 min de leitura

Dizer que o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) se resume a falta de atenção ou a ser "muito agitado" é reduzir uma experiência neurobiológica complexa a um clichê. Essa simplificação é a maior barreira para a compreensão real do TDAH, que se manifesta de maneira única em cada pessoa. O ponto de partida para desfazer esse equívoco é saber que o TDAH não é uma condição única. Reconhecer seus três tipos distintos é fundamental para identificar sinais, buscar um diagnóstico preciso e, acima de tudo, construir um plano de tratamento verdadeiramente eficaz e personalizado. Esta compreensão é o primeiro passo para uma gestão consciente do TDAH, seja na vida pessoal, acadêmica ou profissional.
O manual utilizado por profissionais, o DSM-5-TR, define três apresentações principais do TDAH, uma classificação que ajuda a navegar pela diversidade de vivências dentro do espectro. A primeira é o tipo Predominantemente Desatento, muitas vezes chamado de "subtipo silencioso", porque a hiperatividade física visível não é a marca registrada. Aqui, o que predomina é uma mente em constante turbilhão, com extrema dificuldade de sustentar o foco em tarefas longas, uma facilidade profunda para a distração por estímulos mínimos, e uma luta diária com a organização do tempo, do espaço e das prioridades. É a pessoa que frequentemente parece ausente, perdida em seus próprios pensamentos, e que pode carregar o fardo injusto de ser chamada de desinteressada ou preguiçosa.
Já no tipo Predominantemente Hiperativo-Impulsivo, a agitação e a falta de filtro são os sinais mais evidentes. Esta é a face mais reconhecida – e estereotipada – do transtorno. A **inquietação** é uma constante física: é a dificuldade de permanecer sentado, a sensação interna de um motor que não desliga, e a manifestação externa desse excesso de energia, que pode aparecer no hábito de balançar as mãos e as pernas de forma repetitiva, tamborilar os dedos ou mudar de posição incessantemente. A impulsividade fala mais alto que a razão, levando a ações e palavras precipitadas, à dificuldade crônica de esperar a vez e a respostas emocionais imediatas e intensas. É uma experiência de estar sempre à beira de transbordar.
O terceiro e mais comum é o tipo Combinado, que, como o nome indica, reúne de forma significativa os desafios das duas outras apresentações. É viver a dupla carga: a mente que divaga e se perde nos detalhes, ao mesmo tempo em que o corpo e os impulsos clamam por movimento e ação imediata. Quem vive com o TDAH Combinado precisa lidar simultaneamente com a desorganização interna da desatenção e com a pressão externa da agitação e da impulsividade.
Entender essas distinções vai muito além de uma nomenclatura técnica. É uma ferramenta poderosa para quebrar estigmas, pois deixa claro que a imagem do "menino hiperativo" não representa a todos. É essencial para guiar uma avaliação neuropsicológica qualificada, que vai muito além de perguntar se a pessoa se distrai. E é a base para a estimulação neuropsicológica bem direcionada. O conhecimento sobre os processos cognitivos disfuncionais que surge dessa distinção é libertador, permitindo que estratégias específicas sejam criadas para os desafios únicos de cada tipo e de cada pessoa.
Por fim, o caminho mais importante é sempre o do apoio especializado. Se algo neste texto ressoou com sua própria experiência ou com a de alguém próximo, procurar um neuropsicólogo para uma avaliação aprofundada de sua capacidade atencional e autorregulatória é a decisão mais transformadora que se pode tomar. O TDAH não é uma sentença, mas uma forma diferente de funcionar. Um diagnóstico preciso não é um rótulo, e sim a chave que abre a porta para intervenções que podem reorganizar uma vida, restaurar a autoestima e permitir que os potenciais – que são muitos e brilhantes – finalmente floresçam. Compreender os tipos de TDAH é, portanto, o início de uma jornada de aceitação e gestão eficaz, rumo a uma vida com mais clareza e menos culpa.







Comentários